quarta-feira, 20 de julho de 2011

Ainda sobre longo prazo: uma tabela muito interessante

Encontrei no site Bolsa Financeira um quadro muito interessante, relacionando a valorização de setores específicos de investimento ao longo do tempo. Vejam na figura abaixo (clique nela para ver melhor), ou consulte a mesma tabela atualizada todo dia na página inicial do Bolsa Financeira:


Alguns destaques: O único setor que apresenta uma valorização constante ao longo de 3 anos é o de Fundos Imobiliários. O setor de Petróleo é o único que apresenta prejuízo em todos os prazos, e Siderurgia se salva só para o prazo de dois anos.

É mais um dado interessante para colaborar nas análises e na definição de estratégias fundamentalistas para longo prazo. E é mais um que refuta o mito de que no longo prazo tudo se valoriza.

Magic Formula II - para não parecer tão fácil

Depois do post anterior, resolvi estender o estudo para outro levantamento de boas oportunidades utilizando a Magic Formula que fiz em 23 de dezembro de 2009, para ver se os bons resultados que encontrei sobre a tabela de maio se mantém.

E aí, olhem que interessante, o resultado não tem nada a ver com o do estudo anterior. Vejam a tabela abaixo:

Papel Cotação em 23/12/09 Cotação em 20/07/11 Valorização
CNFB4 R$ 5,08 R$ 4,34 -14,57%
ETER3 R$ 8,20 R$ 8,92 8,78%
EMBR3 R$ 9,18 R$ 11,04 20,26%
TLPP4 R$ 42,66 R$ 46,00 7,83%
CMIG3 R$ 23,62 R$ 24,94 5,59%
GRND3 R$ 9,85 R$ 8,70 -11,68%
EQTL3 R$ 17,20 R$ 11,69 -32,03%
ELPL6 R$ 34,30 R$ 36,34 5,95%
TRPL4 R$ 51,98 R$ 46,23 -11,06%
EZTC3 R$ 8,40 R$ 14,69 74,88%

21.047,00 21.289,00 1,15%

Desta vez os resultados são bem mais variados, 4 empresas em prejuízo, outras 6 em lucro. No consolidado de todas se obtém valorização de apenas 1,15%, o que na verdade representa uma perda bem grande frente ao custo de oportunidade de um ano e meio de juros no tesouro direto.

Agora cabe pensar sobre todos estes estudos e resultados, para definir estratégias para os futuros investimentos. Depois de mais este estudo as quase certezas que eu tinha mais uma vez evanesceram.

Revisitando a Magic Formula

Depois de duas postagens mostrando os perigos de acreditar no mito do longo prazo, resolvi dar uma revisitada em um estudo com a Magic Formula de Joel Greenblatt que fiz lá em 30 de maio de 2009, mais de dois anos atrás. Veja o post original - Busca Avançada de Pechinchas.

Como estão as ações que foram identificadas há mais de dois anos como sendo de bom potencial? Será que no meio dessa crise toda caíram como as bluechips preferidas de todo mundo, PETR4, VALE5, USIM5, GGBR4? E como estaria hoje um investimento em 100 ações de cada uma das 9 melhores ações mapeadas lá em maio de 2009?

Vamos então aos resultados, que depois dos dois últimos posts, me parecem surpreendentes.


Papel Valor em 30/05/09 Valor em 20/07/11 Valorização
FESA4 R$ 7,42 R$ 10,81 45,69%
EZTC3 R$ 4,31 R$ 14,75 242,23%
TUPY3 R$ 12,99 R$ 27,00 107,85%
CLSC6 R$ 32,95 R$ 38,65 17,30%
SAPR4 R$ 1,80 R$ 4,75 163,89%
BEMA3 R$ 5,78 R$ 5,45 -5,71%
PTNT4 R$ 1,61 R$ 1,50 -6,98%
PFRM3 R$ 9,60 R$ 14,49 50,94%
ROMI3 R$ 7,92 R$ 7,39 -6,69%


Da lista de 10 papéis, somente 3 estariam em prejuízo, todos eles com perda inferior a 10%. Os outros 7 estariam todos em lucro, sendo 5 deles com valorização acima de 45%, o que supera com vantagens o custo de oportunidade de uma aplicação em tesouro direto. Vale atentar para o fato de que três desses papéis mostram valorização acima de 100%!

E para fechar, como estaria hoje uma carteira que tivesse investido em 100 ações de cada um desses papéis lá em maio de 2009?



Valor em 30/05/09 Valor em 20/07/11 Valorização
Carteira
8.438,25
12.479,00 47,89%

Vale ressaltar que se o investimento tivesse sido feito somente nas 5 mais bem ranqueadas da lista original, a valorização seria ainda maior, de 61,36%.

Muito interessante, não é mesmo? Confirma totalmente a tese que defendi ontem, de que comprar bem é fundamental. É na escolha bem feita dos papéis que se determina o resultado que se vai obter lá na frente. E a Magic Formula se mostra uma bela ferramenta para seleção de boas oportunidades no longo prazo!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Mais um pouco sobre a questão do longo prazo

Intrigado com aquela tabelinha que mostrei no post anterior, hoje resolvi ampliar o estudo. Peguei todas as operações que realizei em 2008 (abertas e encerradas no mesmo ano), e que foram sido feitas com ações que ainda existem (naquele ano eu operei também algumas 'falecidas' como VCPA4, KSSA3, ARCZ6).

Considerando todas as operações feitas, somando as vencedoras e as perdedoras, eu tive no final das contas uma perda  de 3,48%.

Operei ações como PETR4, VALE5, GGBR4, USIM5, CSNA3, NATU3, LREN3, WEGE3, BBAS3, BTOW3, GOAU4 e ELET3, afora as 'falecidas' já citadas. Praticamente todas são ações de bom conceito no mercado, de boas empresas, com boa liquidez. Fora a KSSA3, nenhuma era mico ou smallcaps.

Mas o mais interessante vem agora. Se eu tivesse mantido todas essas ações em carteira até hoje, o resultado seria... UMA PERDA DE 5,67%!

Só para dar uma idéia, se eu tivesse mantido as CSNA3 compradas em 05/MAR/2008, estaria com uma perda de 47%. Se tivesse mantido as MMXM3 compradas em 07/MAI/2008, a perda era de mais de 58%. Se ficasse com as BTOW3 compradas em 16/jul/2008, a perda seria de incríveis 75%.

E sabem quais as que teriam valido a pena manter? Somente NATU3 e LREN3. Há outras que não estariam em prejuízo contando o valor nominal, mas se colocar na conta o custo de oportunidade com a taxa de juros do CDI, já era.

Então, fica claro que se há um segredo nesse jogo, é a velha máxima dos Klein das Casas Bahia - É PRECISO COMPRAR BEM. Se comprar mal, a preços inflados, vai ser difícil apenas a passagem do tempo dar conta do seu erro.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Investindo a longo prazo

Você já deve ter lido em duzentos lugares diferentes, de revistas de negócios, jornais a sites especializados em investimentos, que o investimento em ações deve ser feito com vistas ao longo prazo. É um lugar comum nessa área, praticamente um mantra.

Mas será verdadeiro? Eu tenho cá minhas dúvidas.

Alguns poucos exemplos. Três anos é longo prazo para você? Para mim é, e acho que para a maioria dos que operam com ações também.

Pois então. Estava dando uma olhada hoje mesmo em postagens minhas do início de 2008 aqui no blog, para responder a um comentário de uma leitora no post "Comprar valor", e encontrei o registro das minhas primeiras operações, de fevereiro de 2008. Vejam os valores daquela época, e o que aconteceu com os papéis nesse intervalo:


Ação Compra Valor atual Valorização Obs.
PETR4 R$ 83,70 R$ 22,99 -45,07% SPLIT
VALE5 R$ 50,89 R$ 45,88 -9,84%
NATU3 R$ 16,02 R$ 36,12 125,47%


Bom, nem eu permaneci com as ações da Petrobras para perder quase metade do valor, nem mantive as da Natura para mais que duplicar o investimento. Mas a conclusão é que não é o prazo que faz a diferença, é o que você compra. Uma ação mal comprada (como foi Petrobras perto do TH) é um mau negócio no curto, médio e longo prazo.

Outro mito questionável e o que recomenda comprar ações "blue-chips": "Você não vai perder dinheiro se comprar Petrobras ou Vale e segurar!" Claro que não vou estabelecer uma tese com um exemplo tão limitado, mas o baile que a Natura deu nas duas maiores da Bovespa nesse período no mínimo deve fazer o investidor pensar duas vezes ao escolher uma ação. Provavelmente as melhores opções estão um pouquinho fora do horizonte da massa.

Finalizando, há muitos mitos em volta do investimento em ações. Quanto mais a gente lê e estuda esse mercado, mais vai ficando alerta para eles. Uma mente crítica é essencial nisso. Nada é exatamente o que parece ser, e certamente nada é o que os outros querem que você pense que é.

I'm back!

Olá pessoal, estou de volta!

Passei um tempão aí mais preocupado com as coisas do meu trabalho, e travado nas ações da Petrobras que não se livram da tendência de queda, e permanecem paralisadas entre 23 e 24 reais.

Mas agora estou de férias, e muito motivado pela experiência de um bom amigo, resolvi tirar esse tempo para estudar mais sobre investimentos em valor, e em análise fundamentalista. A ideia é aprender mais sobre como ler  os demonstrativos financeiros de empresas e captar ali informações que possam dar base a boas compras.

Aí, como primeiro passo, comprei um livrinho - "Warren Buffet e a Análise de Balanços", de Mary Buffet e David Clark. Comecei a leitura hoje, que também é oficialmente o primeiro dia das minhas férias de duas semanas.

Bom, até agora só li umas poucas páginas, o suficiente para NÃO me entusiasmar com o livro. É interessante que quanto mais a gente lê e estuda investimentos, mais percebe que a maior parte da literatura dessa área é "pega-trouxa". São livros primários que tentam vender uma esperança em resultados muito acima do possível. Esse que comprei é um deles. Vou enumerar algumas razões para essa má avaliação que já fiz dele:

- A autora foi esposa de um filho de Warren Buffet, se divorciou lá nos idos de 1983, mas até hoje usa o nome do carinha. Por que? Óbvio, o nomezinho Buffet agrega valor para quem escreve livros.

- Essa mesma duplinha de autores tem mais uma porção de livros com "Warren Buffet" no título. Claramente são parasitas do sucesso alheio. Vivem de vender o que não criaram e o que não lhes pertence. Não criaram uma técnica sequer de investimento.

- Já nos primeiros parágrafos a autora se dá ao desplante de desmerecer Benjamin Graham, alguém que o próprio Warren Buffet sempre elogiou como seu maior professor.

- Algumas páginas à frente, os geniais autores afirmam que Warren Buffet descobriu uma maneira de REDUZIR riscos e AUMENTAR ganhos. Se isso não é vender ilusão, não sei o que é. Totalmente irreal.

Em suma, parece um livrinho de auto-ajuda, dos mais rasteiros. Daqueles que vende o paraíso como se estivesse logo ali na esquina. Não é o único nessa seara, pelo contrário, está cheio de más companhias em volta.

Mas, como eu já paguei por esse mico, vou até o fim na leitura. E vou tentar tirar algo de útil dele. Sempre se aproveita alguma coisa com uma leitura crítica.