sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Emoções e o comportamento do investidor

Acho que desde que criei esse blog já falei várias vezes do impacto das emoções no comportamento do investidor. Esse assunto me interessa, ou me chama muito a atenção por dois motivos:

O primeiro é pela minha formação, pelo meu background de psicólogo. Emoções são o prato do dia de qualquer profissional de psicologia, e a nossa atenção é sempre direcionada a esses assuntos. Posso dizer que entendo bem mais de emoções e comportamento do que entendo de ações e mercados.

O segundo motivo é bem mais importante, ao meu ver. É que eu percebo diretamente, aqui dentro, o impacto que as emoções tem no meu comportamento, e ao mesmo tempo, não encontro nos blogs e outros veículos de informação a respeito, muita abordagem do tema.

Hoje, por exemplo, o mercado está numa alta interessante, que vem depois de outra bela alta ontem. Ações da Petro recuperaram tudo que haviam perdido na semana. Vale subiu um bom tanto também. E começam a pipocar aqui e ali textos e comentários um pouco mais otimistas (veja o blog do Sardenberg, por exemplo). Aparecem também postagens em fóruns e que-tais mostrando jogadas de sucesso, com 5, 10% de rentabilidade em poucos dias. O vento que soprava para um lado de repente, e não mais que de repente, parece virar um furacão no sentido oposto.

O resultado disso em termos de emoção é direto. Dá uma "vontade de comprar" danada. Uma espécie de ansiedade, ou melhor, angústia de talvez estar perdendo a hora, também aparece. Toda aquela racionalidade tão fácil dos tempos de baixa parece evanescer. A visão de mercado fica obscura, turva, o foco fica limitado ao amanhã, quando não ao ontem. Fica uma sensação de urgência esquisita, como se alguma ação tivesse que ser tomada imediatamente, senão o trem parte e a gente fica na estação.

Só que não precisa ser assim, e mais, se o perfil que pretendo ter é de investidor de longo prazo, seria extremamente inapropriado me deixar influenciar por emoções tão passageiras. Preciso me ater à estratégia traçada, analisar direito os pontos de entrada já marcados, e agir com consistência. Não é fácil, e é exatamente por isso que estou escrevendo aqui. Mais que explicar para alguém, é um tanto convencer a mim mesmo da linha de ação mais correta a seguir.

Um comentário:

  1. Eu não tenho posição definida - longo, médio, curto prazo. Isso é o mercado quem me diz. Às vezes é melhor ficar em longo, às vezes é melhor ficar em curto. Às vezes é melhor deixar a maior parte do nosso dinheiro em renda fixa. Não sou eu quem decide, é o mercado que me mostra o caminho.
    Mas claro, TENHO CERTEZA que devemos fazer o que mais nos deixa seguros e tranquilos. Então, Rodrigo, assim, você está corretíssimo!...

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