Em um contexto ideal, as decisões de investimentos deveriam ser tomadas em bases puramente racionais, sem influência de emoção. Isso é claro, só acontece de forma idealizada, ou para alguns poucos gênios da raça por aí.
Não é por acaso que não acontece assim. É porque é muito difícil isolar as emoções na hora de decidir, e afastá-las do jogo. E uma delas me parece especialmente danosa - a esperança.
É a esperança que faz a gente olhar para um gráfico omo o atual Ibov, e acreditar que ali na frente vem uma enorme sequência de candles positivos, retomando a trajetória de alta. É a esperança que faz a gente olhar para o gráfico da Vale5, com toda aquela queda recente, e acreditar que vai voltar logo ao ponto onde já esteve.
Se a decisão fosse puramente racional, a análise de cenário desaconselharia qualquer investimento nas ações neste momento (decontando operar vendido, que não sei fazer ainda). As ações ou estão andando de lado, ou estão caindo, quase todas. Nenhuma parece ter força para ir a qualquer lugar melhor do que o atual.
Poucas coisas que eu já experimentei na vida são tão exigentes em termos de inteligência emocional quanto o investimento em renda variável. E olha que, como psicólogo, trabalhar com as emoções sempre fez parte do meu "prato do dia". Mas a rotina de investimentos é bem mais complicado que um consultório, exige mais frieza do que uma sessão de análise com um neurótico, e demanda um domínio da racionalidade dificílimo de atingir no dia-a-dia.
No calor da hora, com o mercado em andamento e aquele book de ofertas se mexendo todo, as cotações pulando em verde, amarelo e vermelho a cada segundo no homebroker, as mais diversas emoções vem dar seus conselhos nefastos ao investidor. A esperança faz crer que amanhã será melhor que hoje, afinidades diversas fazem com que a gente acredite que essa empresa é melhor que aquela, o incômodo das perdas recentes fazem a gente não conseguir esperar o melhor momento e tentar recuperar a todo custo... são vários emoções e o efeito de todas elas é bem parecido - erros nas decisões.
Dominar as emoções, e em especial, domar a esperança, é então o grande desafio a ser vencido, em busca dos lucros. A chave dos ganhos está precisamente neste ponto. Todo o restante, como capacidade de análise técnica, vem depois. Bem depois.
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