segunda-feira, 18 de julho de 2011

Investindo a longo prazo

Você já deve ter lido em duzentos lugares diferentes, de revistas de negócios, jornais a sites especializados em investimentos, que o investimento em ações deve ser feito com vistas ao longo prazo. É um lugar comum nessa área, praticamente um mantra.

Mas será verdadeiro? Eu tenho cá minhas dúvidas.

Alguns poucos exemplos. Três anos é longo prazo para você? Para mim é, e acho que para a maioria dos que operam com ações também.

Pois então. Estava dando uma olhada hoje mesmo em postagens minhas do início de 2008 aqui no blog, para responder a um comentário de uma leitora no post "Comprar valor", e encontrei o registro das minhas primeiras operações, de fevereiro de 2008. Vejam os valores daquela época, e o que aconteceu com os papéis nesse intervalo:


Ação Compra Valor atual Valorização Obs.
PETR4 R$ 83,70 R$ 22,99 -45,07% SPLIT
VALE5 R$ 50,89 R$ 45,88 -9,84%
NATU3 R$ 16,02 R$ 36,12 125,47%


Bom, nem eu permaneci com as ações da Petrobras para perder quase metade do valor, nem mantive as da Natura para mais que duplicar o investimento. Mas a conclusão é que não é o prazo que faz a diferença, é o que você compra. Uma ação mal comprada (como foi Petrobras perto do TH) é um mau negócio no curto, médio e longo prazo.

Outro mito questionável e o que recomenda comprar ações "blue-chips": "Você não vai perder dinheiro se comprar Petrobras ou Vale e segurar!" Claro que não vou estabelecer uma tese com um exemplo tão limitado, mas o baile que a Natura deu nas duas maiores da Bovespa nesse período no mínimo deve fazer o investidor pensar duas vezes ao escolher uma ação. Provavelmente as melhores opções estão um pouquinho fora do horizonte da massa.

Finalizando, há muitos mitos em volta do investimento em ações. Quanto mais a gente lê e estuda esse mercado, mais vai ficando alerta para eles. Uma mente crítica é essencial nisso. Nada é exatamente o que parece ser, e certamente nada é o que os outros querem que você pense que é.

2 comentários:

  1. Acho que sua definição de longo prazo é um tanto equivocada...( 3 anos- longo prazo?) se voce parar para analisar a valorização da petr4 em 8 anos (de 2000 a 2008) a ação passou de R$3 para 44,83 em 26/05/08...preciso falar mais alguma coisa?

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  2. Pode ser que minha definição de longo prazo seja equivocada, mas ao meu ver essa noção é individual, cada um tem a sua. Para alguns três anos pode ser pouco, para outros muito. Para mim três anos de investimento em bolsa é certamente um loooonngo prazo.

    Quanto à valorização da Petrobras, acho que você selecionou uma faixa muito particular, que ao meu ver induz um erro clássico. Pegou um fundo e um topo histórico. Encontre alguém aí que tenha entrado e saído do investimento exatamente nestes pontos... não tem. Ou se tiver, foi praticamente acaso, ou a entrada ou a saída.

    Medir as possibilidades dos investimentos dessa forma é muito enganador. Só para dar uma idéia, você poderia ter pego outro período do gráfico: os pouco mais de 3 anos que vem desde maio de 2008, quando ela passou dos apregoados 43 para os atuais 22, por exemplo.

    Imagine o carinha que entrou em PETR4 animadão com o 2o grau de investimento do Brasil lá em 2008, a um mês do topo histórico. Comprou cheio de idéias de longo prazo. Como ele estaria se sentindo agora com seu investimento? Será que estaria confortável de vê-lo depois de 3 anos perder metade do valor? No mesmo tempo ele já poderia ter mais de 35% naquela grana se tivesse aplicado em renda fixa. E o que será que sentiria ao ver que uma NATU3 no mesmo período mais que dobrou de valor?

    Ao meu ver não é o prazo que faz a verdadeira diferença, mas a escolha do papel. Se comprar problema, vai continuar com problema (geralmente maior) quanto mais tempo passar com ele.

    Quem vai operar buy & hold tem que saber comprar mais que qualquer outro perfil de investidor. Eu não me atrevo, não tenho essa competência toda. Precisaria saber avaliar empresas e cenários muito melhor do que sei hoje. Talvez no futuro, mas não próximo.

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