sábado, 28 de março de 2009

Objetivos e ansiedade nos investimentos

Quando eu comecei a investir na bolsa, meu objetivo era tão somente aumentar o rendimento das aplicações. Não tinha um target específico, seja em valor a atingir ou em percentual desejado. Era quanto mais melhor, mas sempre comparando com a renda fixa.

Em 2008, veio a super-crise, e qualquer comparação com a renda fixa passou a doer, já que na bolsa só tive perdas, e expressivas. O objetivo depois da queda maio-outubro passou a ser recuperar, senão todo, uma parte significativa do capital investido. Mas ainda assim, sem target, sem valor específico, sem percentual.

Essa falta de um objetivo visualizável fez com que em algumas vezes, mesmo ganhando, eu não saísse das posições. Foi o caso com a Aracruz duas vezes, mas não só com ela. Tudo bem que não foi esse o único motivo de não sair, mas certamente é um fator.

Agora, resolvi comprar um imóvel. E para essa compra, todos meus trocados são importantes. Passou a ser crucial recuperar o máximo possível das perdas sofridas no ano passado. Nesse espírito, troquei as PETR4 por novas ARCZ6, como comentado nos posts anteriores. Foi uma jogada de risco para tentar recuperar mais rapidamente.

O que me fez pensar que Aracruz pudesse recuperar mais rápido? Nada muito científico, apenas a suposição de que já tinha sido penalizada demais, e que uma recuperação até uns 2,50 não seria improvável, enquanto que ver a Petrobras subir mais de 50% me parece ainda agora extremamente improvável.

Só que, avaliando hoje, acho que fiz bobagem. Aracruz deu um prejuízo monumental no trimestre, está endividada além de qualquer conta, não produz uma única notícia boa. Ou melhor, uma só, continua com boa eficiência operacional, mas só. Não é suficiente. Não para uma recuperação rápida.

Aracruz me parece uma jogada ótima para quem pode esquecer a grana nela. Deixar uns 5 anos sem nem olhar, algo assim. A empresa ainda é a maior exportadora de celulose do país, as operaçõs ainda são muito eficientes, mas a gestão financeira é uma porcaria. Se ela melhorar na gestão financeira, em alguns anos pode voltar a ser considerada um ótimo investimento. Mas a hora de entrada é agora, e não quando isso acontecer, porque nessa hora os preços já terão sido recompostos.

Voltando a questão dos objetivos, olho minha carteira com certo desânimo. Não vejo grandes possibilidades de recuperação nos meus papéis até agosto (prazo mais curto) ou final do ano. na verdade vejo até chance de perder mais... o que me traz a idéia de sair logo, como proteção. Mas acho que não vou sair agora, o sentimento ainda não é esse. Talvez até faça outra troca de papéis, mas ainda não sei para qual poderia pular em busca de alta rápida.

5 comentários:

  1. Ontem dei uma passada por seu blog e decidi escrever algumas palavras, mas hesitei temendo aumentar sua angústia e levá-lo a tomar alguma decisão precipitada.
    Mas pensando melhor decidi voltar a alertá-lo que a Aracruz foi vendida para a VCP ( fato que vc já sabe) e que a relação de trocas entre as ações ficou determinada na negociação e que a partir de então as 02 ações andam juntas.
    O que pode melhorar ou piorar os preços são condições gerais dos mercados e/ou fatos específicos do mercado de papel e celulose, mas nunca fatos isolados relativos à Aracruz, que está `presa` a VCP.

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  2. Marcelo, obrigado pelo comentário. Não se preocupe com aumentar minha ansiedade, é melhor ficar ansioso com embasamento que preocupado sem base alguma.

    Eu estou sabendo da vinculação da Aracruz com a VCP, você mesmo havia informado. Mas apesar de serem as duas do mesmo controlador, os movimentos não estão tão sícronos assim, há variações. De qualquer modo, já percebi que a aposta não foi grande coisa, melhor seria ter feito outra jogada.

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  3. Exemplo da falta de precisão na sincronia entre VCPA4 e ARCZ6 está sendo dado hoje. Votorantim caindo mais de 4%, Aracruz caindo somente 1,3%.

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  4. A relaçao que ficou definida na transação é de 0,1347 açoes da Aracruz pela VCP. E a relaçao entre os preços tem seguido de perto esta relaçao como, por exemplo, no dia 18/03, em que ARCZ6 fechou a R$ 1,60 e VCPA4 a R$ 11,12, portanto 0,1438 ( hoje fecharam a 1,54 e 10,80, portanto a 0,1426).
    A diferença se deve ao desconto a valor presente e a expectativa ( e aí reside uma oportunidade de lucro se isso ocorrer) da relaçao ser revista por pressao dos minoritários da Aracruz, cuja possibilidade nao faço a menor ideia de a quantos anda.

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  5. Sim, há essa relação, mas o que abordei é que nela também se verifica certa flexibilidade, como você mostra agora com números. Não é uma relação fixa, absoluta.

    Esse pleito dos preferencialistas não vai dar em nada, ou pelo menos eu não aposto um níquel no sucesso disso. Há um longo histórico de situações anteriores em que preferencialistas foram ferrados sem maiores escrúpulos e nem compensações. Não especificamente na Aracruz, mas na Bovespa.

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