Eu não faço idéia de quantas pessoas acessam e lêem esse meu blog, menos ainda de quantas delas são novatas nessa coisa toda de investir em ações. Mas hoje estava me lembrando de algumas dúvidas que tinha bem lá no começo, e de certa forma percebi que alguns assuntos que me preocupavam não me assustam tanto quanto antes.
Uma das primeiras dúvidas que tive, quando resolvi sair dos fundos de investimentos e comprar ações diretamente, era justamente como escolher qual ação comprar. Me parecia uma escolha um tanto aleatória, ou melhor, me parecia que eu não tinha condição nenhuma de fazer essa escolha com bases razoáveis.
E isso era verdade naquele momento, pois eu realmente não fazia idéia de como escolher bem um papel. Por que uma empresa e não outra, por que três delas e não uma ou dez. Minhas escolhas, por muitos meses, foram baseadas em pouco mais do que o nome da empresa. Se era uma empresa conhecida, grande, famosa, OK. Não cheguei a ter perdas por conta dessa forma estúpida de escolha, mas hoje não faria mais assim.
Ha muitas formas boas de escolher qual papel comprar. Uma boa pesquisa no site www.fundamentus.com.br já provê várias alternativas. Uma escolha seria comprar papéis de empresas muito rentáveis, por exemplo. Então faça um ranking decrescente por ROE, é simples.
Outra forma seria escolher pelas empresas mais subvalorizadas no momento. Esse é efetivamente um critério que eu gosto e uso. Faça um ranking crescente de P/VP, então, mas exclua os valores negativos. Vai descobrir as empresas que estão sendo vendidas por menos que seu patrimônio. Só não esqueça de tentar saber por que estão tão subvalorizadas, pois nunca é por acaso. Se o motivo for circunstancial, e você acreditar que a empresa tem plenas condições de superar em um prazo razoável, entre de cabeça.
Pode escolher as que mais pagam dividendos, é outro critério. Faça um ranking decrescente de DY. Isso já garante uma carteira bem remunerada de proventos, o que é sempre uma característica desejável.
E dá para combinar vários fatores na pesquisa, pontuando os critérios que mais interessam. Em essência isso é o que propõe a Magic Formula. Mas cada um pode ajustar sua pequisa para os fatores que interessam, de modo a produzir uma lista interessante de papéis a comprar.
Uma segunda dúvida era qual a melhor hora de comprar. Qualquer hora serve? Uma olhada ainda que de relance em um gráfico mostra claramente que não. E poucas sensações são tão ruins nessa coisa toda que a de ter comprado um papel no topo. É aí que entra a principal qualidade que vejo hoje em um bom investidor, a paciência.
Investir por vezes me parece muito com pescar, no sentido das qualidades requeridas daqueles que se envolvem nisso. Precisa ter paciência, saber analisar o ambiente, escolher o que fazer e esperar a hora certa. Talvez eu fosse um melhor investidor se tivesse aprendido a pescar, coisa que nunca consegui fazer direito.
Voltando a questão da hora de comprar, como diz o dono das Casas Bahia, não há boa venda se você não fez uma boa compra. As chances de um bom investimento se definem na entrada, não tanto na saída. Uma saída errada pode arruinar os ganhos de uma boa jogada, mas uma má entrada pode fazer com que não haja chance de ganho algum!
E qual o momento de entrar? a resposta é fácil de dizer, e bem difícil de fazer. A entrada ideal, dos sonhos dos investidores, é nos grandes fundos, no desespero de todos os outros. Mas a grande dificuldade é saber quando já caiu o suficiente, e quando ainda vai cair mais. Tem aqueles que esperam o MACD cruzar para cima, há os que confiam em fundos duplos, há os que levam em consideração o IFR ou o estocástico. Ferramentas e indicadores há vários, nenhum é absoluto.
Na espera do melhor momento, várias vezes pensei que quedas de 10% eram significativas, só para descobrir mais à frente que dava para cair bem mais. Muitas outras vezes comprei na primeira queda, achando que era a hora, mas se esperasse um pouco mais teria ainda melhor momento à frente. Essa lição eu nem posso dizer que já aprendi, mas deveria - sempre há outra boa chance mais à frente. Mas nem sempre naquela ação que se estava olhando antes. De qualquer modo, a sensação de "perdi o bonde" é uma grande bobagem. O mercado é como uma grande estação de trem, todo dia sai algum.
Quando escrevo essas coisas todas fica até parecendo (ao reler) que eu já sei muito, ou que não cometo mais esses erros bobos... ah, que bom seria se isso fosse verdade. Não é. Embora não compre mais só por achar que a empresa é importante, ainda faço entradas estúpidas. Mas o meu maior erro, mais frequente e danoso à conta, está nas saídas, e não nas entradas.
Assim como quando entrar, quando sair é uma dúvida capital. Mesmo que se tenha feito uma ótima entrada, dá para jogar tudo fora com uma saída desastrada, como já falei. Eu fiz isso pelo menos 3 vezes nesse ano, só ao que lembro. Joguei fora USIM5 comprada a 22 reais, GOAU4 comprada a 18, ARCZ6 comprada a 1,60... E por quê? Não foi pressa, nem para garantir ganhos. Foi medo. Medo de perder o que tinha. Faltou a serenidade para "segurar a onda". Esperar mais.
Sair é uma decisão tão difícil que todas as corretoras, em seus departamentos de análise, indicam bons momentos de entrada. Mas não encontrei uma só que indique quando sair.
Paciência continua fundamental, bem mais que agilidade. Aliás, agilidade raramente ajuda em alguma coisa... o movimento das cotações é bem rápido, mas a menos que se esteja operando em day-trade, rapidez não ajuda em quase nada. Dá para pensar. Geralmente, dá até para deixar para o outro dia.
Mas apenas esperar para sair não é solução. Nem sempre o outro dia será melhor que hoje. Não gosto daquela frase "espera que um dia volta". Já teve horas que precisei sair em prejuízo para não perder ainda mais. Fiz isso ano passado, e não me arrependo. Mas também teve horas que saí pensando que me protegia, e só o que consegui foi perder ótimas jogadas (as acima mencionadas USIM5, ARCZ6...). Não tenho uma fórmula ou regra definida.
A hora de sair então, ainda é uma pergunta sem boa resposta. Fico devendo essa.
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