quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Não dá para pensar um pouco mais longe?

Todos os dias eu recebo e leio o reltório de análise técnica da minha corretora. Uma coisa que sempre me incomoda é o horizonte de tempo da análise. Mesmo que praticamente nunca seja mencionado claramente, se percebe pelas afirmativas que é extremamente curto, de um a três ou cinco dias, no máximo.

Para quê serve essa visão tão curta? Só day-traders podem se beneficar de uma análise técnica? Ou a AT está se aparentando a metereologia, que só consegue ter alguma confiabilidade das previsões em prazos super curtos?

Eu gostaria muito de receber ou encontrar análises técnicas de horizontes mais longos, embasadas em gráficos semanais, pensando meses à frente, se possível. Não me interessa saber se amanhã a VALE5 vai cair ou se PETR4 está na beira de uma reversão baixista. A questão é mais adiante - caso caia a VALE5, ou reverta a PETR4, até onde irão? Será apenas uma realização temporária, um tomar forças para ir mais adiante, ou o cenário está realmente mudando?

Talvez eu esteja exigindo demais da AT. Para falar a verdade tenho estado incomodado com ela, com o jeito algo 'astrológico' de algumas análises de prever o futuro próximo. Eu não tenho nada contra identificar suportes e resistências, linhas de canal, LTAs e LTBs, ou até Bandas de Bollinger. É fácil encontrar o embasamento desses estudos todos. Suportes e resistências marcam momentos psicológicos dos investidores, barreiras mentais ou emocionais dos compradores e vendedores. Canais, linhas de alta e de baixa são padrões de comportamento, e como tais não garantem o futuro, mas permitem suposições. E as Bandas de Bollinger são uma ferramenta embasada na estatística para a análise dos dados, uma espécie de canal com fronteiras dependentes do comportamento recente dos investidores. Se aumenta o desvio padrão abrem-se as bandas, se diminui, fecham-se. Tudo muito lógico. Nada conclusivo, mas ainda assim lógico e interessante.

O que eu realmente queria seriam análises embasadas nessas ferramentas mas que combinassem dados de cenário, atual e futuro, para embasar suas propostas. Não acho adequado prever o futuro tendo apenas o comportamento passado dos investidores como base. É preciso algo mais, algo de outra fonte que não os próprios compradores e vendedores. Algo que vem dos outros atores envolvidos nessa coisa toda: administradores das empresas, diretores, governo, sociedade em geral.

4 comentários:

  1. Rodrigo,
    Passando de novo em seu blog depois de vários meses, parabéns pela forma sincera com que relata esta difícil e enigmática viagem pelo mundo das finanças.
    Mas, acredite, vc nunca esteve ou estará sozinho, pois suas dúvidas são como um espelho do mercado, pois ele é assim mesmo : reflexo e núcleo de todas as dúvidas.
    E isso não é novidade há pelo menos 50 anos, desde que Markowitz deu os primeiros passos para a formalização do ramo das Finanças.
    Acho que vc se surpreenderia com a quantidade de estudos já realizados.
    Quantos já tentaram encontrar o Santo Graal !!
    E são poucas as 'verdades' que passam pelo crivo da ciência, em especial, a Estatística, este ramo da ciência que derruba de Análise Técnica a técnicas inovadoras na cura de diversas doenças.
    Quanto a primeira, a AT, certa vez li uma entrevista de um dos principais críticos a esta e formulador da teoria dos mercados eficientes ( e antes que vc e outros digam que não acreditam, saiba que muitos confundem o que a teoria quer dizer), Eugene Fama. No início da entrevista, o entrevistador pergunta a ele se acredita na AT, ao que ele prontamente responde - Claro!. O entrevistador se surpreende e diz que não entendeu e Fama esclarece : - A AT é imbatível com dados passados. Mas só no passado !.
    Mas, tenho que confessar, acredito que alguns movimentos podem ser preditos pela AT e faço uso desta, de forma parcimoniosa. Uma boa explanação pode ser vista hoje em http://web.infomoney.com.br//templates/news/view.asp?codigo=1714978&path=/investimentos/

    Talvez daqui a alguns meses ou anos vc chegue a conclusão a que muitos já chegaram e a ciência prescreve : desistir de tentar advinhar o futuro e se render a ele, ou seja, destinar parte de seus recursos ao Ibovespa ( o percentual cada um define) e esperar ser recompensado pelo risco.

    Abraço,
    Marcelo Veiga

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  2. Grande Rods :D
    Vou mais uma vez dar um pitaco aqui no seu blog.

    Primeiro, te digo que vc não está exigindo demais da analise técnica ao pedir por tempos mais longos. Eu acredito, e outros analistas independentes também (ex. Stormer) que quanto maior o tempo gráfico, mais fácil a análise e a chance de acerto.
    A questão sobre os relatórios de analistas de corretora é simplesmente mercadológica.
    A corretora não ganha dinheiro se a ação sobe ou desce. Ela ganha dinheiro na corretagem. Quanto mais você operar, mais ela ganha.
    Pense nisso e me diga se interessa pra alguma corretora que seus clientes comprem ação no início do ano e fiquem posicionados nela por longo tempo.

    Chega ao absurdo de alguns analistas se limitarem aos grafico intraday de 15 e 60 minutos.

    Te convido mais uma vez a passar no meu blog uma vez por semana, pois não sou Day trader e faço minhas análises quase sempre em gráficos semanais.
    E sobre a confiabilidade da AT, realmente não da pra garantir se vai subir ou cair. Mas sabendo quais indicadores usar e estando bem calibrados para o seu tempo de trade, temos sim uma boa chance de no mínimo defender o nosso capital.
    É como o colega ai de cima falou.
    Não existe isso de prever o futuro.
    Temos que tentar seguir o movimento.
    E para isto uma simples noção de LTA e LTB já faz uma grande diferença.

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  3. Valeu os comentários, Marcelo e Robson.

    A questão não é adivinhar o futuro, isso todo mundo sabe que é impossível, até eu.

    A questão que eu levanto é mais adiante - envolve a base de dados que gera os indicadores e ferramentas de análise técnica. O assunto merece um post específico, mas se for ver, todos os indicadores se baseiam exclusivamente em um único elemento - o comportamento dos compradores e vendedores.

    A infinidade de arranjos técnicos envolvendo séries históricas de preço de abertura, preço de fechamento, preço máximo e mínimo é incrível. Daí saem os suportes, os canais, as linhas de tendência, as médias móveis, o estocástico, o IFR, as bandas de bollinger, o fibonacci, o DIDI... vamos ver, tem algum aí que não se baseie nisso?

    Então, aí tá a questão, é tudo mais do mesmo. Faltam outros dados, outras bases.

    Acho que a cada dia me torno mais fundamentalista... só que ainda sou ignorante demais para me considerar um de verdade, preciso estudar muito mais dessa outra forma de análse.

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  4. Marcelo, a minha questão não é apenas reservar uma parte do meu capital para investimentos em bolsa. É fazer com que isso não seja uma aposta aleatória. A decisão de investir em ações já tomei faz tempo. Agora, qual ação? Quantas delas? Por que essas e não outras? Quanto tempo manter? Quando especificamente vender? Por que não colocar a grana toda em um fundo indexado ao Bovespa? Para responder a essas questões, é preciso um bom conjunto de argumentos. Parte deles virá da análise técnica, mas cada vez mais me parece que a parte mais significativamente vira de outra fonte, dos fundamentos. Só que preciso aprender a interpretá-los direito, o que ainda estou longe de saber.

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