sábado, 20 de junho de 2009

Análise fundamentalista

Em vários posts deste blog eu mencionei que tal ou qual empresa tem ou tinha ótimos fundamentos, ou coisa parecida. Só que, à medida que estudo mais sobre investimentos, mais percebo que quase nada entendo de análise fundamentalista. Sei ver alguns dados praticamente óbvios, como índice P/L, P/VPA, DY, Margem bruta e líquida, essas coisas. Mas não sei o que é um "fluxo de caixa descontado", e me atrapalho com coisas como EBITDA, ou índices EV/EBIT, por exemplo. Também me perco ao ler um balanço, um demonstrativo de resultados ou um ITR. Qual a importância de alguns daqueles dados, não faço muita idéia.

Hoje aproveitei o tempo livre no final de semana para ler demonstrações contábeis da Ferbasa. Aos meus olhos leigos, pareceram ótimas em vários sentidos. Baixo endividamento, margens operacionais boas, lucros constantes, líder de mercado, praticamente monopolista em alguns produtos. Uma empresa até aqui bastante saudável.

Mas há dados que trazem receio. Redução da produção muito forte, com parada de 5 alto-fornos. Redução enorme nos preços dos produtos de maior volume de venda. Altos estoques. Despesas administrativas crescentes.

O que me parece é que os preços das ações estão no valor que estão muito por conta do que se espera do futuro, mais do que se vê nesses dados do passado. Deve haver forte redução de receita, e de lucros (quiçá com prejuízo?).

A questão que me vem à mente é mais ou menos a seguinte - em tese a hora de entrar num negócio é essa, quando as coisas não parecem tão boas. Quando a ação está depreciada. Só que isso só é fácil nos livros, pois no hora do "vâmo vê" as dúvidas que vêm são de outra ordem. As questões que se pensa é "pode cair mais?", ou "pode levar anos para recuperar", coisas assim.

Pensemos por exemplo na Aracruz, que eu comprei a 1,60. Ela estava vindo de uma queda a 1,40, e navegava em notícias terríveis sobre os problemas com derivativos. Incerteza no ar. Não era algo absoluto e certo que pouco tempo depois o papel chegaria a mais de 3 reais. Mesmo quem acreditava nisso não sabia dizer quando. Agora é fácil olhar para trás e ver que baita oportunidade de ganho houve aí, mas naquele momento o cenário não era sopinha.

Um outro exemplo. Eu cheguei a comprar USIM5 a 22 reais, algo assim. Dia desses estava a 39. Quase 100% de ganho. Baita negócio, não é? Na hora não parecia tão provável, tanto que coloquei um stop-loss bem próximo, que foi acionado. Uma das perspectivas era de continuar caindo, em vez de subir. Hoje me arrependo da saída, mas convenhamos, agora é fácil ver que era um baita negócio, na hora não. Os jornais só mancheteavam notícias ruins, de quedas de preços, recessão, mercados paralisados e tal e coisa.

Em suma, é preciso muito sangue frio para fazer negócios realmente bons. Trade para 10% em cenário de alta de tudo não é tão complicado, mas ganhar 100% ou mais requer uma capacidade de nadar contra a corrente que precisa muito ser desenvolvida. É como uma frase de um livro sobre criatividade que tenho aqui em casa - é preciso olhar para o que todo mundo vê, e ver que ninguém está vendo.

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