domingo, 26 de abril de 2009

IRPF

Que coisa desgraçadamente desagradável é fazer a declaração de IRPF quando se opera com ações. Estou há dias mergulhado nos formulários do programa da receita, descobrindo onde vai cada parte da coisa, cada rendimento, e me confundindo cada vez mais. Chego a me arrepender de ter entrado nessa de aplicar em bolsa.

A sério, ou a minha corretora (Ativa) é uma grossa porcaria, ou esse negócio é feito para dar errado. Alguns exemplos de dificuldades:

- Eu não consigo saber quanto ganhei de dividendos no ano passado, e quem me pagou. Tenho um extrato de dividendos da Vale5 que consegue a proeza de não ter sequer o CNPJ da empresa (extrato emitido pela ATIVA). Tenho um outro extrato da Renner, explicitando direito dividendos pagos por ela. Por que raios a corretora não consolida e informa tudo junto? E por que a Vale não me manda um comprovante?

- Onde colocar a parcela ínfima que é descontada na fonte de toda operação positiva é outro drama. Não sei se foi descontada na única vez no ano que tive que pagar IR sobre operações positivas, lá em abril, e também não sei se esquecer desses valores (que são irrisórios) faria a minha declaração cair na malha fina.

- dividendos tem que declarar num campo, misturado com outras coisas, de modo que depois que faz, não consegue mais saber do que era mesmo. O mesmo problema acontece com JCP, só que em outro campo. Fica misturado com uma porrada de outras coisas, indecifrável.

- Por que diabos a receita, tão eficiente em tanta coisa, não cria um mecanismo melhor para tudo isso? Um programa que consolide as coisas, ou melhores tabelas nesse mesmo da declaração! Tem um programa para Ganhos de Capital para download no site que consegue a proeza de ignorar os limites de isenção, de 20 mil em vendas no mês, se tornando assim plenamente inútil para meus propósitos.

Vou ser sincero, me dá vontade até de voltar aos fundos de investimento. Pelo menos com eles essas coisas todas ficavam bem fáceis de fazer, praticamente sem dúvidas. Será que as vantagens de operar diretamente realmente compensam esse trabalho todo? Tenho cá muitas dúvidas.

Nessas horas a bolsa me parece um enorme e complexo sistema montado para depenar otários gananciosos como eu. Perder dinheiro é facílimo, ganhar é um drama. E mesmo quando se acerta, nunca se ganha o quanto se vê nos índices de jornal, pois inevitavelmente a gente entra depois que já está subindo, e sai antes do fim da escalada, ou depois que já está caindo de novo.

Um fato é que vou precisar tirar todo o dinheiro investido nesse ano, quando encontrar um bom imóvel para comprar. Tenho dúvidas se voltarei a investir do mesmo modo. Começo a repensar fortemente se os fundos, que critiquei tanto, não são mesmo a melhor alternativa para pequenos investidores como eu.

7 comentários:

  1. Caramba, e eu pensei que isso seria fácil, como ter aquela folhinha que a empresa passa para os funcionários, no regime de CLT, que é só preencher os campos.
    Bem, não vou pensar nisso agora, pois entrei na bolsa este ano, a menos de 1 mês.

    Mas Rodrigo, vai com calma. Não sou o cara mais indicado a lhe dar um conselho (é mais fácil o contrário) mas com certeza acho que vale a pena a bolsa em detrimento dos fundos (este último está tão ruim todos estão querendo migrar pra poupança...).

    Não desista.

    Forte abraço,
    Marcos Douglas

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  2. Eu também concluí, a custos muito altos... que é muito difícil ganhar na Bolsa. É de fato, mais fácil perder que ganhar. Só é relativamente fácil quando estamos em clara tendência de alta. Mas essa fase foi de 2002 até 2007. Agora, ninguém sabe. Ultimamente procuro fazer pouquíssimos trades, só em blue-chips, estudando bastante os gráficos, e tentando perceber os movimentos e humores dos mercados. Ganhar dinheiro na Bolsa não poderia ser mais fácil que em qualquer outro ramo. Todos os setores dependem de estudo e dedicação. Dizem por aí, que "não operar" em determinados momentos também é uma estragégia importante...

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  3. Marcos, tá longe de ser fácil. Para melhorar sua vida no ano que vem, guarde TODOS os extratos que a CBLC enviar para você. Ela costuma enviar um por mês. Até o momento é a minha melhor fonte sobre dividendos.

    Mas mesmo estes não são grande coisa. Não diferenciam dividendos de juros sobre capital próprio, e para o IRPF essa diferença é crucial. Cada uma dessas coisas é declarada em campo diferente.

    Acabei encontrando um extrato completo dos rendimentos da VALE5, que comentei no post. Mas o drama não terminou aí - descobri pagamento de JCP e dividendos da PETR4 em junho, e desse não tenho comprovante algum.

    Eu penso que a corretora deveria informar bem melhor seus clientes nesses quesitos. Sobre rendimentos eles são quase omissos, a gente mal fica sabendo se recebeu alguma coisa. Uma vergonha. Fico eu na dúvida se o serviço da minha corretora é que é porcaria, ou se todas são assim.

    Sobre desistir, sei não. Ando achando a bolsa uma grande enganação, mais se perde que ganha, e dá um trabalho enorme. Com os juros do Tesouro Direto, não sei se não seria mais jogada aplicar nele que na bolsa. Pelo menos na hora do IRPF é uma barbadinha declarar.

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  4. No momento minhas dúvidas estão concentradas na enorme quantia de R$ 4,40. Esse foi o valor descontado na fonte pela corretora, sobre minhas operações no ano passado. Onde colocar esse enorme montante é algo que ainda não sei. No momento está dividido em dois lançamentos - um na guia "renda variável", no mês de abril, quando tive que pagar IRPF sobre lucros em vendas que excederam 20 mil reais. E uma outra partezinha, que se refere à IR na fonte retido depois de abril, coloquei na guia "imposto pago".

    O meu problema com isso aí não é o valor, claro, que por 4 reais eu não brigo, que se dane. A questão é não cair em malha fina por conta de um valor tão estúpido, só por ter lançado de forma inapropriada.

    Finalizando, é um saco. Se você tiver um contador que faça isso para você, sinta-se feliz, deve ser o melhor dos mundos. Como eu sou muito mão-de-vaca para pagar alguém para fazer isso, me ferro completamente.

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  5. Arnaldo, eu penso que ganhar dinheiro na Bolsa deveria ser mais fácil e provável que aplicando na renda fixa, dado o trabalho que requer e o risco embutido. Mas no Brasil, com os juros que temos, me parece ser o contrário. O cara compra uma porradinha de NTN-B e esquece, no fim do ano embolsou um jurinho muito simpático.

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  6. Minha dúvida é quanto aos juros sobre capital próprio deliberados em 2008 mas não pagos nesse exercício. Eu sei que devo declarar em bens e direitos como créditos devidos por pessoas jurídicas - no meu caso são ações da Petrobras, Weg e Banco Itaú. Mas qual é o código? Não tem nenhum específico, nem para JCP nem mesmo para créditos devidos por PJ!

    A minha corretora também nao informou nada sobre IRRF sobre as operações, mas deve ser porque fiz muito poucas operações no ano passado, com valores pequenos e na sua maioria no mercado fracionário. O IRRF deve ser microscópico no meu caso. :)

    Esses 4,40 são o imposto que você pagou sobre o lucro das operações ou o imposto retido na fonte pela corretora sobre cada operação?

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  7. João M, os 4,40 são a soma de todas as vezes que a corretora descontou IR sobre as transações. Não sei se incide sobre todas as transações de venda, ou só quando passa dos 20 mil. Essa é mais uma da coleção de dúvidas do IR sobre investimentos, junto com a sua sobre JCP declarados mas não pagos.

    Hoje recebi (após mandar email) relatórios da Ativa descrevendo todas as transações, todos os depósitos feitos na minha conta, e os descontos de IR na fonte que eles fizeram. Melhorou um pouco o nível da informação que eles estão prestando, mas ainda está tudo confuso demais. Falta orientação mesmo, e simplificação nos reports.

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