1 - O que comprar?
A questão é definir qual ação, ou quais ações comprar para compor a carteira. Não pode ser uma decisão aleatória, do tipo qualquer uma. Qualquer uma não serve. Tampouco é sempre a melhor decisão comprar a mais vendida, ou a de maior volume. Muitas vezes um negócio de muito mais chance de ganho está em ações pouco divulgadas, das quais pouco se ouve falar. Um exemplo típico é a minha aposta em FESA4, que está levantando minha carteira do pântano em que caiu no ano passado. Na mesma data comprei PETR4, maior bluechip da Bovespa, maior empresa da América Latina, etc e tal, que não rendeu nem 10% da valorização da outra!
No meu começo como investidor eu comprava ações de empresas que conhecia. Foi assim que comprei Petrobras, Vale, Natura, Gerdau. Em nenhuma eu diria que a escolha foi errada, já que são empresas sólidas e de bom desempenho, mas tampouco foram grandes oportunidades de ganho.
Hoje eu tento comprar com base em uma análise fundamentalista um pouco mais elaborada. Não chega a ser uma verdadeira análise de fundamentos, uma vez que não sei calcular o fluxo de caixa descontado, por exemplo, e nem entendo direito alguns dos indicadores deste tipo de análise. Mas é uma escolha que leva em conta alguns fatores típicos dessa linha, como P/L, P/VP, DY, endividamento, margem líquida e retorno sobre capital investido. Procuro empresas lucrativas, bem geridas, que não estejam sendo vendidas com múltiplos muito inflacionados. A Magic Formula me assiste nessa empreitada.
2 - Quando comprar?
Nos preceitos estritos da análise fundamentalista, esse é um quesito de menor importância. Mas como eu não sou tão ortodoxo assim, é nessa hora que eu uso a análise gráfica. Depois de ter decidido por um conjunto de papéis de bons fundamentos, vou ver nos gráficos aquele que me parece no melhor ponto de entrada.
Só que a decisão não é nada simples, a esse ponto. Por um lado seria muito interessante comprar um papel que estivesse momentaneamente abaixo (ou próximo) de suas médias móveis, sendo que as de mais longo prazo deveriam ser ascendentes. Também seria interessante ver um belo pivot de alta configurado. Mas este é um momento ideal um tanto difícil de encontrar em mercado de alta. Então, apenas evito comprar papéis com indicadores muito esticados, sobrecomprados no IFR. Melhor esperar outro momento ou procurar dentro dos papéis selecionados aquele que estiver em melhor momento.
3 - Por quanto tempo manter?
Agora começa a ficar difícil. Sei que é importante estabelecer de princípio os objetivos para cada operação, mas ainda não consigo fazer isso com clareza. Algumas possibilidades dentro dessa questão seriam manter até que o papel atinja o preço justo. Mas qual é o preço justo? Tem analistas e corretores que calculam, usando valuation. Eu não sei fazer isso e não confio inteiramente em análises alheias, então fico sempre inseguro.
Como tenho agido a respeito? Depois de muitos erros por vendas precipitadas, estou tentando manter os papéis em carteira por períodos mais longos. Não me agradam valorizações de apenas 10 ou 20%, acho pouco. Se isso é tudo que se poderia obter no papel, então a escolha do papel foi errada. Posso estar sendo por demais ambicioso, mas meus objetivos são bem maiores em cada aposta. Quero 50 ou até 100% de valorização em cada aposta. Pelo menos nesse cenário atual de forte valorização.
4 - Quando vender?
A resposta dessa questão está intimamente ligada à da anterior, mas também me remete às duas primeiras. A venda deveria ocorrer quando os objetivos forem atingidos, mas creio que não se deve ser xiita a respeito. Uma análise do contexto, do cenário amplo deve ser feita para decidir se os objetivos inicialmente traçados ainda são válidos, tanto para cima quanto para baixo. Será que ainda poderia ir mais adiante? Talvez sim, se o mercado como um todo estiver em período de alta. Será que é hora de esquecer os 100% e garantir uns 50% imediatamente? Novamente vai depender do cenário, o que torna a resposta demasiado imprecisa.
Em termos técnicos, o momento da venda poderia ser quando os indicadores fundamentalistas ficarem esticados demais (P/L acima de 10, P/VP acima de 3, por aí), o que indicaria uma empresa sobrevalorizada. Mas não estou certo destes números.
Se for basear pelos gráficos, a venda poderia ser feita na perda de um suporte importante, em cenário de queda (não tem porque vender em alta, não é mesmo?). O problema no uso da análise gráfica para venda é a esperança de que a queda seja revertida no dia seguinte. Tanto já me dei mal esperando demais por reversões que não vieram, quanto tentando me proteger de quedas que não continuaram, de modo que essa questão está longe de ter boa resposta para mim.
Conclusão
Talvez eu possa deixar de me considerar um "novato na bolsa" quando tiver respostas apropriadas e consolidadas para essas quatro perguntas. Quando eu operar com base em uma estratégia consistente e bem definida, em que todas estas questões estão bem equacionadas desde o princípio. Como creio que isso ainda está um tanto longe de acontecer, devo ser "novato" por um bom tempo ainda.
Ótimo post! Dúvidas muito bem definidas, vejo que passamos pelos mesmos caminhos em vários pontos. Então Rodrigo, voltando ao tópico anterior, talvez eu tenha tido um pouco de sorte, eu me livrei de quase tudo quando as coisas ainda despencaram perto de 25%, quando fez um fundo que parecia ser o fundo do poço, comprei bem mais do que tinha, exatamente o que você fez. Mas como já disse num post bem antigo, eu ganhei bem com ITAU4 e uma ação quase que anônima: LUPA3, essa eu comprei a 21, vi bater a 31, vendi. Recentemente a comprei a 22,50 e agora ela está a 26 e uns quebrados, uma ótima especulação. Outra boa sacada foi comprar VALE5 duas vezes: comprei pouco a 31,50 para testar a análise técnica... caiu. Foi parar a 27,80, aí usei um princípio de George Soros: o sinal está dado, me entupi do papel, hoje ela está com mais de 30% de lucro líquido. Batendo na porta dos 37. Outra especulação muito boa.
ResponderExcluirBom, aí foi mais um pouco de minhas experiências.
Abraço