sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Uma semana histórica

Você tem noção de que acabou de viver uma semana que vai constar de todos os livros de história daqui a 50, 100 anos? Uma semana que talvez em algum momento alguém lhe peça para descrever, perguntando "como foi estar vivo naquele momento?"

A semana que hoje encerra foi uma dessas semanas. Talvez venha a ficar conhecida como "o crash de 2008" nos livros de história e revistas de negócios, daqui a algum tempo. Uma semana em que as bolsas de praticamente todo o mundo caíram juntas, mais de 20%, apesar de todas as medidas e pronunciamentos dos diversos governos envolvidos! Uma semana em que as ações de um ícone do capitalismo e do século XX, a General Motors, caíram 30% (60% em um mês), jogando o valor de mercado da empresa de volta a valor de 1950!

Tudo isso são acontecimentos absolutamente históricos, únicos, irrepetitíveis. Um momento singular, sem padrões de comparação, sem nem base para estudo.

Por um lado, está me doendo toda a perda que já tive e continuo tendo com meus investimentos em renda variável. Mas por outro, que maravilha estar participando deste momento com toda essa atenção. Se eu não estivesse investido, não estaria tão ligado. Se não estivesse doendo no meu bolso, não estaria estudando tanto, lendo tantas coisas a respeito, aprendendo tanto.

Porque vamos convir, uma semana histórica também é igual a qualquer outra. Você acorda, toma banho, escova os dentes, trabalha, almoça, trabalha, volta para casa e tal. A rotina é igual a qualquer outro dia da vida. Por exemplo, eu estava vivo no crash de 87, no estouro da bolha da internet em 2001, e vou confessar, pouco lembro desses momentos. Não tinha dinheiro investido, e portanto pouco me importavam as bolsas e suas maluquices. Já agora é bem diferente, mas apenas no sentido de que desta vez eu me importo mais.

Atualidades:

Hoje foi mais um dia de queda intensa, mas que acabou amena. Circuit braker acionado já de manhã, como também aconteceu outras vezes nessa semana. Tudo caindo inapelavelmente, sejam empresas boas, sejam micos. Já tem muita empresa aí com valor de mercado abaixo do valor dos ativos, o que configura excelentes opções de compra. O site "Value Investing" (link aí ao lado) aponta pelo menos 3 empresas brasileiras com categoria 4 estrelas na análise de investimento usando a Fórmula Graham. Não por acaso duas delas estão entre as minhas favoritas - Gerdau e Metalúrgica Gerdau.

A verdade é que estamos em liquidação. Seria uma excelente oportunidade de compra, se não fosse o fato de que deve cair ainda mais. A desgracera está no meio, ou assim esperamos, porque se estiver no início...

Bom, melhor aproveitar o momento histórico para aprender quietinho como as coisas acontecem. Ações efetivas, só quando a poeira assentar um pouco mais, o que não parece que vá acontecer muito cedo.

6 comentários:

  1. Concordo com vc que é muito bom acompanhar os fatos entendendo suas nuances e desdobramentos. Também estava vivo em 87, 91 e 2001 e nem de perto entendia os fatos como agora.
    Do ponto de vista de investidor/especulador, temos porém que tentar separar o joio do trigo : a crise agora é muito diferente das anteriores, mesmo considerando que toda crise tem seus motivos particulares. As crises anteriores não afetaram com tanta força as principais economias do mundo e as consequências atuais parecem ser muito mais duradouras e fortes do que as anteriores. O que significa que o caminho de volta para os mercados será muito mais lento e errático do que outrora. Os novos tempos reduzirão e muito a atividade dos bancos de investimento e seus derivativos, alavancagem, etc. A busca e o gosto pelo risco se reduzirá bastante nos próximos meses/anos, porque a pancada destes últimos 15 dias foi muito forte. Mas no tempo em que vivemos não acredito que se extinguirá, apesar da turma da regulação e das normas de sempre : apenas dará um tempo.

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  2. Que belíssimo texto, Rodrigo! De fato é um momento histórico! GM e Ford à beira da falência?! Como? Inacreditável! O meu medo agora é que o sistema COLAPSE! Pare tudo! Eu estou líquida, e cuidando muito da minha vida profissional! Só volto para a Bolsa, pois pretendo, quando as coisas acalmarem um pouco! Também não quero perder os preços "excelentes" (se é que teremos Bolsa por algum tempo!)

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  3. É isso aí Marcelo, mais uma vez mandou bem. Eu acho que essa crise é histórica, muito maior que as anteriores, talvez só encontre paralelo (no tamanho, não em causas e efeitos) na de 1929.

    Nós ainda vamos assistir o que virá, em termos de efeitos disso tudo. Ao que parece, a quebradeira não vai ficar nos bancos, nos EUA. GM, Chrysler e Ford estão fraquejando. Outras grandes devem ter seus problemas também. A locomotiva do mundo, os EUA, estão no epicentro do terremoto financeiro, e é certo que o mundo que emergirá dessa crise, tanto em termos econômicos quanto em termos geopolíticos não será o mesmo.

    Por conta disso tudo, tenho cá minhas dúvidas se ainda não estamos mais perto do início da bagunça do que do fim.

    De qualquer modo, estou convicto que tempo de crise é tempo de oportunidade. Longe de ser hora de sair da Bolsa, é hora de entrar. Não exatamente agora, mas daqui a algum tempo, quando as coisas se desanuviarem um pouco mais.

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  4. Carla, escrevemos comentários ao mesmo tempo, por isso não mencionei o seu na minha resposta!

    Agradeço o elogio ao texto!

    Interessante o aviso de colapso que você coloca. Não estava pensando na coisa chegar a um ponto tão desastroso! Mas é possível, não há dúvida. A bolsa russa fechou na 6a feira, por receio de quedas monumentais. Outras podem seguir o caminho!

    Duvido muito que haja na base histórica tantos "circuit brakers" acionados com tanta proximidade entre um e outro. A volatilidade explodiu, não há mais dia de 1% de alta ou baixa, é sempre dos 3% para mais, quando não para bem mais, nos 7, 8, 10%. Impressionante.

    Eu também estou cuidando muito bem das minhas atividades profissionais, e nunca estive tão satisfeito de estar trabalhando em uma empresa absolutamente sólida, que certamente vai sobreviver a esta tempestade! Se eu estivesse em alguma das minhas atividades anteriores, estaria mais preocupado.

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  5. Ao mesmo tempo, Rodrigo, confesso que não entro nesta 'neura' da imprensa em geral ( afinal é de onde tiramos notícias e análises)de que esta crise é o fim do mundo, fim de uma era, etc e etc. Se amanhã a crise estabilizar e o dólar no Brasil voltar para o patamar de R$ 2, tudo muda em alguns segmentos ( embora o índice e setores ligados a commodities possam continuar pressionados). Também não dá para confiar em qq análise, pois como já postamos atrás, havia analistas gritando compra quando o mercado caiu para 65.000, 60.000, 55.000, 53.000 e somente a partir daí admitiram que o mercado estava em baixa.
    E aí entramos em outra seara : Neste negócio, para ter sucesso, muitas vezes vc está sozinho ; mas para isso vc tem que ter critérios muito bem definidos de entrada e saída. De que adianta ter comprado uma ação em 2003, ver esta ação dobrar/triplicar de preço até Maio/2008 e depois, em 30 dias, ver esta ação devolver todo o ganho de 05 anos ?

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  6. Algumas lições já aprendidas e assimiladas da minha parte.

    Jornais não ajudam em nada. A notícia, quando chega pra nós, os sardinhas, já está preciicada elo mercado. Aliás, ela atrapalha... Eu não dou a menor imortância para notícias, e está funcionando.

    Não viveremos o im do mundo ainda. Pelo menos eu não acredito. O que imorta é saber administrar os trades, e evitar perdas. Sgo com a minha estratégia de, na menor dúvida, nem entre. Ontem o mercado subiu que nem oguete e eu estava líquido, não ganhei nem um centavo, mas não interessa, também não perdi nada. Qdo vi, ja estava com alta de mais de 8%, imaginei que tinha erdido o bonde, e ele só subiu, mas eu estava tranquilo.

    Nesse momento de altíssima volatilidade, só estou fazendo day-trades. Limito a perda em 0,5 a 1% do investimento e acompanho. Miro 2 a 3% de alta e era isso.

    Ta funcionando, deu 3 lucros e 1 stop. Demanda temo, é verdade, então, quando o trabalho ta tranquilo eu opero, senão, deixa o bonde passar que amanhã vem outro.

    Eu ainda acho que o mercado cai, e ica volátil um bom temo ainda, mas to começãndo a gostar de operar dessa forma. Paga-se mais imostos e corretagens, mas é o preço a se pagar pra manter a tranquilidade.

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